Nostalgia

quinta-feira, 14 de julho de 2011 |

Quem diria... Dá pra acreditar, que o "fim" me deixaria assim, tão abalada? Se for pensar bem, o fim foi 4 anos atrás, e eu ainda não havia ficado assim.

Deixa eu esclarecer. Nós somos a geração Harry Potter (Potterish). Eu comecei a ler Harry Potter e a Pedra Filosofal quando tinha 8 (ou 9?) anos, tive uma intoxicação alimentar e tive que ficar no hospital uns 2 dias. Lembro claramente da minha mãe sentada na beira da minha cama de hospital, narrando pra mim a chegada de Harry a Hogwarts, a seleção para as Casas, feita pelo Chapéu Seletor, e toda a emoção envolvida no conhecimento de um mundo novo, totalmente fascinante.

Desde então (ou talvez desde um pouco mais pra frente) eu me tornei fã da série. É claro que demorei 9 meses pra ler o primeiro livro (fato questionável, mas esse é o período de que eu me lembro), mas consideremos o fato de que eu tinha 9 anos, e a leitura de uma criança de 9 anos é muito mais lenta do que a de qualquer adulto. Portanto, não me julguem.

De qualquer forma, foi a partir daí que eu entrei nesse mundo fantástico. Lembro-me claramente de não ler direito o nome da doceria Dedosdemel no terceiro livro (eu li "Dedosmel" durante o livro inteiro), e só percebi que estava errado muito tempo depois, quando alguém falou o nome em voz alta pra mim. Lembro muito bem de achar que, talvez, minha carta de Hogwarts chegasse, quando eu fizesse 11 anos. Lembro-me de chorar pela primeira vez quando o Cedrico morreu, no final do quarto livro. Lembro-me de ter tido vontade de bater no Harry inúmeras vezes no quinto livro, por ser tão insuportável. Aliás, tive vontade de bater nele inúmeras vezes ao longo de todos os livros, por ele ser tão idiota às vezes.

Chorei loucamente quando o Sirius desaparece por trás do véu, e um sentimento de desespero se apodera do Harry. Parte desse sentimento se apoderou de mim também. Adorei conhecer a Luna, e me identificar cada vez mais com ela, e suas esquisitices. É claro que ela é doida de pedra mas, vamos encarar, quem não é? O que eu mais admiro nela é a capacidade que ela tem de expressar realmente o que pensa, e não ligar a mínima pro que os outros pensam. Quando eu crescer, quero ser assim :')

Quando o sexto livro foi lançado, nós lá de casa imprimimos uma tradução da internet e encadernamos (mentira, o Rafael que fez tudo isso) com uma capa preta. Eu lembro de lê-lo com uma voracidade louca, ignorando completamente os erros da tradução que mais parecia automática do Google Tradutor da época. Valeu a pena. Depois de tudo, além disso, o nosso livro ficou parecendo um Diário de Tom Riddle, ou um Livro de Poções do Príncipe Mestiço. Nunca vou perdoar a Editora Rocco por ter traduzido o título do livro de "the Half-Blood Prince" pra "O Enigma do Príncipe". Principalmente porque, no decorrer do livro, o Half-Blood Prince foi traduzido para "Príncipe Mestiço", como tinha que ser. 

Não houve nada mais angustiante do que a morte do Dumbledore. Nada mais inesperado. Nada mais curioso. Depois de todos os esforços, vê-lo ser assassinado por ninguém menos que Severo Snape, o  professor mais detestado pro Harry e o mais estimado por Dumbledore. Confesso que minha confiança no Dumbledore ficou vacilada naquele momento, e eu tive minhas dúvidas sobre o professor. Foi muito divertido ficar lendo sobre as teorias mirabolantes que as pessoas inventavam, visitar o site da J.K. Rowling e descobrir coisas interessantes sobre ela, ou ficar discutindo possíveis teorias com a Madi, ou a Mamis, no intervalo entre o sexto e o sétimo livros. Sabem que, no meio dessas discussões, até Minerva McGonnagal foi uma possível Comensal da Morte. Quem diria! 

Foi fantástico ir ao lançamento mundial do sétimo livro em inglês na Livraria Cultura aqui de Brasília (à época, só existia a do Casa Park). Assistimos à gincana que ocorreu antes, muitíssimo divertida e bem organizada. Ao mesmo tempo, me fez perceber que, embora eu realmente ame a série, e até tivesse com orgulho o tema do filme como toque do celular, eu não sou uma fã assim tão fanática. Nunca me vesti como eles, nem participei de encontros de fãs. 

Depois disso, eu li boa parte do livro em inglês, na edição americana linda com as figuras nos inícios dos capítulos, e não pude deixar de entrar em pânico com o primeiro capítulo, o que fala da Ascenção do Lorde das Trevas. E não pude deixar de ficar angustiada com o capítulo dos Sete Potters. E tampouco pude deixar de chorar quando Edwiges morre pra salvar o Harry, ou quando o Moody não volta da viagem de transporte do Harry, e quando o Jorge perde a orelha. O sétimo livro é um dos melhores pra mim. Mas foi emocionante demais lê-lo. 

E hoje, lendo todos os posts do Potterish no twitter, eu me peguei numa nostalgia incontrolável. Estão todos pra lá de emocionados com "O fim", porque amanhã é a estreia do último filme de Harry Potter no cinema. É claro que, pra quem é fã fiel aos livros, o fim foi no dia 20 de Julho de 2007, quando lançou o último livro no mundo inteiro. Mas todos nós sabemos que não é assim.

Mesmo sabendo que os filmes jamais serão fieis ao livro como teriam que ser, e mesmo sabendo que nunca será tão bom quando eu imagino, eu ainda assisto a eles na estreia, e ainda me emociono com as coisas que eu imaginei projetadas no cinema. Sabe como é, né. Mesmo faltando metade dos elementos essenciais pra história, ainda é mágico ver suas fantasias projetadas na telona. Apesar de todos acharem que deveriam ser os diretores, roteiristas e produtores, pra fazer um filme melhor do que aquele, todos nós, da Geração Harry Potter, ainda nos emocionamos nas estreias desses filmes.

Eu posso garantir que estou seriamente preocupada em ter problemas cardíacos. Meu coração não é muito resistente a grandes emoções. Acho que é possível que ele pare de funcionar em alguns momentos. Mas, de qualquer forma, eu sei que meu verdadeiro amor é para com os livros, e para com a linda da JK Rowling, por criar e trazer todo esse mundo perfeito para nossas vidas, e não nos deixar esquecê-lo jamais.

Sabe que é por causa de Harry Potter que eu sou apaixonada pela Inglaterra? Sabe que é por isso que eu ainda vou a Londres no Natal (ou pelo menos perto do Natal), só pra ver os flocos de neve caindo nas árvores? É por causa de Harry Potter que eu um dia ainda vou morar naquela cidade, ou pelo menos visitar por bastante tempo, pra conhecer um pouco daquele sotaque tão peculiar, e da cultura desse povo tão metido a certinho. 

Acho que, no fim das contas, eu só queria compartilhar com vocês a nostalgia que estou sentindo. Mesmo sabendo que esse não é, na verdade, o fim de nada. Tampouco é o começo. Mas é certo dizer que eu vou me emocionar muito, e chorar como uma criança, quando perceber que nunca mais vou sentir a ansiedade de ver algo novo sobre a série surgir. 

E para todos que são fãs: http://potterish.com/2011/07/lembrol-faltam-algumas-horas-para-reliquias-da-morte-parte-2/. Não deixem de ler. O cara realmente disse tudo. E eu chorei feito um bebê. 

beijinhos